E então começou devagar. O nada foi chegando. Tomando conta de tudo. Lentamente se movia. Todo branco. Ia escorrendo, deslizando por ruas escuras. Tinha uma espessa textura. Uma forma estranha de reentrâncias e relevos, que oscilavam, ora retos, ora curvos. Tudo o que tocava, em nada se transformava. Envolvia tudo o que via. Até que tudo se transformou em nada, por completo. Pessoas, casas, cores, o abstrato e o concreto. Nada era só o que havia. Nada era o que restava. Somente nada era o que existia. Quis ficar ali por uns instantes. Observando a sensação que exalava do vazio. Sentiu calma, quietude e paz. Em nada mais pensava, almejava ou temia. Estava neutra. Abstraída. Absorta. Sentido-o assim, puro, pleno e repleto. Percebeu que ali onde estava, naquele momento, nada era ou seria. O nada era o que realmente importava. E nada era o que realmente precisava, para compreender aquilo que um dia tudo significaria.
"Nothing I am, nothing I dream, nothing is new.
Nothing I think, or believe in or say. Nothing is true... "
7 comentários:
larissa querida, escrever depois dessa sua obra prima é praticamente manchar seu trabalho.
adoro o jeito que você escreve. e tô precisando sentir um pouco desse nada (tão tudo!)
beijoca
- a essência da alma. o contato com o cosmo. com o que é eterno e natural.
que lindo mantra. alimento dos mais raros.
precisamos conversar sobre tudo isso, hein.
é preciso existir o NADA para que TUDO aconteça!
Do caralho, tenho um carinho especial pelo nada, fonte maior da poesia.
O nada pode ser tudo.
Sempre tenho a ideia, que nada é tudo o que um dia significou.
Eu tinha tanto a falar, mas não restou nada depois do texto, porém um nada com significado que um dia se poderá compreender. O nada do silêncio de quem lê e gosta do que lê. Sigo teu blog. Um abraço
Postar um comentário