sábado, 31 de março de 2012

Meu coração é assim

Meu coração é assim
Cercado por brechas
Que não mais se abrem
E não mais se fecham
O que está dentro pode sair
O que está fora pode entrar
Já foi atingido por algumas flechas
Tanto de amor quanto de dor
Estas, no entanto, até furam
Mas não mais fincam
Simplesmente escorrem
E deslizam por suas brechas

terça-feira, 27 de março de 2012

Caber sem acabar

não cabe

nem em palavras nem em um papel
a vã pretensão da mente em descrever
tudo que cabe entre a terra e o céu

o que nos cabe é tentar decifrar
o que se sabe
se intui para além do pensar

em uma essência de ser
sem se acabar
sem perder

o que na permanência em caber
desajusta, deforma para melhor acomodar

quarta-feira, 21 de março de 2012

Pelo prazer da pele


É pelo prazer que eu prezo
É pelo prazer que eu quero
É pêlo que arrepia a nuca
É pele que pelo prazer aperta mas não machuca
É o para sempre que não passa
É o consentir para que satisfaça
Por todo prazer que eu prezo
Por todo prazer que eu quero


Inspirado no filme O Retrato de Dorian Gray

segunda-feira, 19 de março de 2012

1ª 2ª do resto da minha vida!

Sim, hoje é segunda-feira. Mas, não é uma qualquer. É a primeira segunda do resto da minha vida! E George Michael está ao meu lado. Juntos cantando Freedom:

"...But today the way I play the game is not the same no way
Think I'm gonna get myself happy..."

"...I think there's something you should know
I think it's time I stopped the show
There's something deep inside of me
There's someone I forgot to be
Take back your picture in the frame
Don't think that I'll be back again
I just hope you understand
Sometimes the clothes do not make the man..."

sábado, 17 de março de 2012

Espalha e espelha

Um tiro foi disparado
Dispersou e despertou
Uma diáspora de emoções
Apartadas, renovadas, transfiguradas

O que se espalha espelha o que se sente
Sem ainda saber o sabor sentido
Pelo puro apreço ao desconhecido
E a probabilidade de tornar-se factível

domingo, 11 de março de 2012

A transgressão como condição

Chaplin sabia que ao se tornar diretor e assumir o processo de edição, estaria definitivamente ganhando controle sobre o personagem, podendo agora ampliar seu registro cômico.

Como um cineasta completo e versátil, concentrou-se na dinâmica física de Carlitos. Cada movimento encontrava um novo escopo, metamorfoseando-se em coreografia, e quanto mais errática a trajetória, mais precisamente regulada sua mecânica. Uma perseguição, uma tímida contorção, um passo bêbado ou um pas de deux em um clinch de boxe: a colocação do corpo de Carlitos em movimento pautava-se por todo um vocabulário expressivo, manifestando toda uma gama de sentimentos. Nessa pantomina profundamente elaborada, o corpo em movimento "fala".

Ao introduzir elementos de um mundo surreal à existência cotidiana de Carlitos, Chaplin testaria ainda a exploração de possibilidades narrativas nas mais improváveis situações. A retórica do sonho desempenha importante papel aqui, libertando Carlitos das restrições impostas pela realidade, na medida em que desencadeia o potencial do mise en scène. O resultado, porém, é sempre um despertar doloroso. Os sonhos representam uma incursão no domínio privado de Carlitos, o palco para a sua autorrealização, o transgredir de sua verdadeira condição.

(texto "Chaplin como cineasta", em cartaz na exposição*)






De 07 de março a 29 de abril
Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica
Rio de Janeiro / 2012

sábado, 3 de março de 2012

Antes de existir a voz existia o silêncio*

*Arnaldo Antunes / Música: O Silêncio



Filme: O Artista, vencedor do Oscar de Melhor Filme 2012
Diretor: Michael Hazanavicius
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