quarta-feira, 29 de maio de 2013

O lamento de um vento atroz

Tenho dentro de mim um vento uivo
Que sopra assovio um lamento atroz

O vento fora de mim num grito rarefeito sibila
Um ar melodia que destoa consoante na voz



"Hoje eu vim... pelo mar. Naveguei... de volta.
Só passei... pra falar. Que eu não vi... resposta"

domingo, 19 de maio de 2013

Estranheza entranhada

Na estranha mania de estranhar o modo como os outros agiam
Não percebi que aos olhos dos outros estranha também seria

Entre tantos nos encontramos estranhos uns dos outros
Entranhados na estranheza permeável de um espaço que nos distancia

Supor a previsibilidade dos atos diverge da reciprocidade dos fatos
Suplantados pela inebriante neblina egoica que de todos nós se apropria

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Ninguém faz TV como a MTV

Como se não bastasse a reformulação do "Acesso", o jornalismo cínico do "Furo MTV", a volta de "Hermes e Renato", o devidamente escancarado "MTV Sem Vergonha" e até mesmo os excelentes programas gringos "Catfish" e "Awkward", temos agora o verdadeiro deleite esportivo com o "Rock Gol":

"Lateral e tiro de meta são bons momentos no futebol. São momentos que dão um astral gostoso. Aliás, gosto dessa expressão "astral gostoso". Se eu tivesse uma banda de axé ia chamar assim: Astral Gostoso".

"O jogador 'fulano' não está jogando porque está contudido. Ele contraiu uma DST".


"O jogador deve se lembrar de respirar. Colocar ar nos pulmões. O ar realmente é muito importante para se jogar futebol. Inclusive, para se viver também, de uma forma geral".

(Comentários de Daniel Furlan durante o "Rock Gol")

quarta-feira, 8 de maio de 2013

As ilusórias escolhas de liberdade

A realidade que se cria é aquela que se crê
A veracidade que se vivencia expõe desconhecer
A liberdade que se restringia ao ilusório ato de escolher

"You had to live - did live, from habit that became instinct -"
(George Orwell, 1984)

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Game of Thrones e suas mulheres

Depois do 4º episódio da 3ª temporada ficou mais do que comprovado que são as mulheres que possuem o maior poder na sofisticada série produzida pela HBO, que mistura mundo medieval e fantasia. A personagem Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) agora está munida de 8.000 soldados e 3 dragões, sendo ela a única representante feminina na guerra pelo "Trono de Ferro". Conforme foi dito em matéria do jornal O Globo, a sua luta se diferencia dos demais pelo fato de que ela conquista para libertar, não para oprimir.



Segundo o site Indiewire, as demais mulheres da série demonstram cada vez mais não estarem presas as limitações que geralmente são feitas das caracterizações de personagens femininas dentro deste tipo de universo ficcional. Sem falar nas intrigas e manipulações no altíssimo escalão da corte real, que nas temporadas anteriores pertencia quase que exclusivamente ao território masculino, agora vem sendo incluída de mulheres que demonstram total habilidade e inteligência no engenhoso jogo da arte de persuadir.

"Imaculados! Matem todos os Mestres, os soldados e todos os homens 
que seguram um chicote, mas não firam nenhuma criança. 
Libertem todos os escravos que encontrarem! 
Dracarys".

(Daenerys em seu 1º comando ao exército dos Imaculados)

terça-feira, 16 de abril de 2013

Tantas vidas de uma vida

Vidas vividas em outras vidas que vagam em uma vida presente
Vinculadas a via perdida reencontrada naquilo que se pressente

Representam retratos esquecidos registrados pela memória fluida procedente
Se emolduram para enquadrar o novo de uma velha história num devaneio recorrente

Experimentam experiências que se expressam em sombras somatizadas
Que sobrepõem princípios de pseudo lógicas aparentemente corporificadas

Deslizam drenando a dormente e primitiva compreensão
Do ordinário isolado para a totalidade expansiva imersa em sua vastidão

Estabelecem o elo embrionário do evolutivo conhecimento
Ao permitir permear no perene instante concebido a epifania de seu intento
  

Inspirado no filme Cafe de Flore

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Vegetariana ou de leão?

Quando eu era pequena, tínhamos em casa uma empregada baiana chamada Bené. A lembrança que tenho dela é de que era negra e estava sempre com um lenço branco na cabeça. Minhas irmãs mais velhas, que na época tinham 15 e 16 anos, contam que ela era muito figura e sempre fazia comentários extremamente singulares. Um dia estávamos todos almoçando e no meu prato havia uma certa quantidade de salada. E eu começei comendo a salada e deixei a comida de lado. Minhas irmãs, vendo a cena, comentaram:

- Iá... Larissa comeu só a salada.

- Acho que ela vai ser vegetariana.

Neste momento, ao ouvir o comentário das minhas irmãs, Bené prontamente se pronunciou:

- Não, não, "essas menina". Ela é de Leão!
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