Isolado do mundo
Sem contato humano algum
Não sabe andar
Escrever, ler ou falar
Seu aprendizado está no fato de nada ter aprendido
Conhece apenas os mais básicos instintos
Sede, sono, dor, fome e frio
Sem sequer saber que assim lhes são definidos
É deixado numa praça
Agora não mais isolado
Livre, exposto
Aos olhos dos outros
É um estranho
Que a tudo estranha
Todos querem salvá-lo de tanto sofrimento
Sendo que ele mesmo nem entende que havia sofrido
Deve aprender que é um ser social
Para possibilitar seu convívio
Se vê presente no tempo
Avança
Questiona o corpo que sente
A vida das coisas
E as dúvidas da mente
Sonho, realidade
Pensamento e imaginação
De repente, tudo se apaga
E apesar de tanto aprendizado
Não compreende
Está de volta à escuridão
Ainda pior do que antes
Pois agora tem a consciência plena
Da dor que corrói e sangra em seu coração